Gente da nossa comunidade: Entrevista com Reginaldo Muccillo.


Os novos membros da World Academy of Ceramics, durante a cerimônia de posse. O prof. Muccillo é o primeiro a partir da direita. (Foto cedida pelo prof. Muccillo)

Na manhã de 9 de junho, no distrito italiano de Montecatini Terme, o pesquisador da área de Materiais Reginaldo Muccillo, diretor administrativo da nossa SBPMat de 2012 a 2013, tomou posse como membro da World Academy of Ceramics (WAC). A WAC é uma entidade de caráter internacional com sede na Itália, dedicada a promover o progresso da área de cerâmicas e fomentar a compreensão do impacto social a das interações culturais da ciência, tecnologia, história e arte no campo das cerâmicas.

Reginaldo Muccillo foi um dos dezessete eleitos no 15º processo de eleição de acadêmicos da WAC, que reconhece o mérito de pessoas que fizeram contribuições significativas à área de cerâmicas. Único brasileiro desta eleição, Muccillo dividiu a cerimônia de posse com pesquisadores e outros profissionais da China, Espanha, Estados Unidos, Finlândia, Itália, Japão, Polônia, Portugal e Suécia. A formalidade ocorreu durante a sessão de abertura da International Conference on Modern Materials and Technologies (CIMTEC).

Pesquisador do Centro de Ciência e Tecnologia de Materiais do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), Reginaldo Muccillo possui graduação, mestrado e doutorado em Física pela Universidade de São Paulo (USP). Realizou estágios de pesquisa no exterior durante o doutorado, no National Research Council em Ottawa (Canadá), e no pós-doutorado, no Max Planck Institut fuer Festkoerperforschung em Stuttgart (Alemanha) e no Institut National Politechnique de Grenoble (França). Foi (co) coordenador de sete edições do Simpósio Brasileiro de Eletrocerâmica, do VII Encontro da Sociedade Brasileira de Pesquisa em Materiais (2008) e da 6th International Conference on Electroceramics (ICE 2013). É editor principal da revista Cerâmica, órgão oficial da Associação Brasileira de Cerâmica (ABCeram), há 15 anos. É bolsista de produtividade em pesquisa do CNPq – nível 1A.

Segue uma breve entrevista com o cientista.

Conte-nos um pouco sobre sua história: o que o levou a se tornar um cientista e a trabalhar na área de materiais cerâmicos?

Já na graduação, abandonei o curso de Engenharia na Escola Politécnica da USP para cursar somente Física. Bolsista de iniciação científica na área de Física Nuclear, convivi com pesquisadores de renome no Instituto de Física (IF) da USP, que efetivamente me influenciaram a seguir carreira científica. Após a graduação, fui para o IPEN para fazer mestrado em Física do Estado Sólido. Terminado o Mestrado, fui para o Canadá para o trabalho de doutorado sanduíche (que não existia na época). Na volta ao IPEN, após defender o doutorado no IFUSP, comecei a desenvolver pesquisa com materiais cerâmicos, mudando de Física do Estado Sólido para Ciência e Engenharia de Materiais.

Quais são, na sua própria avaliação, as suas principais contribuições à área de Materiais?

Trabalhando em um Instituto de pesquisas, pude dedicar todo meu tempo no trabalho de pesquisa, na busca de recursos em órgãos de fomento (FAPESP e CNPq) para infraestrutura de laboratório (sou um pesquisador experimental dedicado à montagem e coleta de dados em equipamentos, análise de dados, redação de artigos para submissão em periódicos indexados e arbitrados), treinamento e formação de pessoal, organização de eventos, edição de periódico científico, interação com o setor produtivo (meu campo de pesquisa permite, alem de desenvolver pesquisa fundamental na área de Ciência dos Materiais, visualizar aplicações em dispositivos de interesse em vários segmentos industriais).

Quais são, na sua opinião, os principais desafios de seus temas de pesquisa atuais para a Ciência e Engenharia de Materiais?

Explicação, modelagem e equacionamento teórico de vários fenômenos físicos e químicos que ocorrem em Ciência dos Materiais Cerâmicos.

Na sua avaliação, de que maneira você construiu o reconhecimento da comunidade internacional de pesquisa em cerâmica expresso na sua eleição como acadêmico da WAC?

Com o desenvolvimento de trabalhos de pesquisa, a formação de pessoal (iniciação científica, mestrado, doutorado e pós-docs), a montagem de laboratórios para uso da comunidade científica (multi-usuários), a edição de periódico (revista Cerâmica) na área de materiais cerâmicos, a pesquisa em materiais para sensores e para produção alternativa de energia e, mais recentemente, em flash sintering.


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